À luz do Evangelho, a pena de morte “é inadmissível: o mandamento ‘não matarás’ refere-se tanto ao inocente como ao culpado”, defende o Papa Francisco na edição de setembro de O Vídeo do Papa.
Na intenção de oração para setembro, o Santo Padre tem presente a abolição da pena de morte, que “atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa”, pedindo que ela “seja abolida nas leis de todos os países do mundo”.
Para Francisco, a pena de morte deve ser rejeitada também devido aos possíveis erros judiciais e ao facto de “até ao último momento uma pessoa poder converter-se e mudar”. “Sempre, em toda a condenação, deve haver uma janela de esperança”, acrescenta.
O Santo Padre afirma que “a pena capital não oferece justiça às vítimas, mas fomenta a vingança”. No plano moral, é inadequada porque destrói a vida, “o dom mais importante que recebemos”.
Nesta edição de O Vídeo do Papa, Francisco realça o facto de a rejeição da pena de morte se estar a expandir por todo o mundo, o que é para a Igreja “um sinal de esperança”. Ainda assim, a pena capital continua a ser aplicada em 55 países.
João Paulo II e Bento XVI pronunciaram-se com firmeza contra o uso da pena de morte por parte dos governos. Em 2018, o Papa Francisco aprovou um novo parágrafo do Catecismo da Igreja Católica, no qual se condena claramente a pena capital e se expressa o compromisso da Igreja com a sua abolição total.
A propósito da intenção do Papa para setembro, o Diretor Internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, P. Frédéric Fornos, sj, salienta que “até ao último momento uma pessoa pode converter-se, reconhecer os seus crimes e mudar” e que “a pena capital é como pôr-se no lugar de Deus. Com a condenação, determina-se que uma pessoa já nunca poderá mudar, coisa que não sabemos”.
O sacerdote destaca o convite do Papa Francisco a rezar e mobilizarmo-nos “para apoiar concretamente as associações e organismos que lutam contra a abolição da pena de morte”.
O Vídeo do Papa de setembro é realizado em colaboração com a Catholic Mobilizing Network, uma organização católica dos Estados Unidos que trabalha pelo fim da pena de morte e para promover a justiça reparadora através da educação, sensibilização e oração.
A diretora executiva do organismo, Krisanne Vaillancourt Murphy, diz que a intenção de oração do Papa nos lembra “que a pena capital continua os ciclos de danos e violência e perpetua uma cultura do descartável. O trágico mito da pena de morte é que ela mata o ‘pior dos piores’, mas a verdade é que, na realidade, visa as pessoas mais vulneráveis da sociedade”. Segundo a responsável, “o fim da pena de morte está ao nosso alcance, e é uma forma clara de construirmos uma cultura de vida. Cada pessoa, independentemente do dano que possa ter causado ou sofrido, tem dignidade dada por Deus e merece uma oportunidade para a sua reabilitação”.