Segunda-feira da quarta semana do tempo comum

Hoje é dia trinta de janeiro, segunda-feira da quarta semana do tempo comum.

No seu Diário, 
Etty Hillesum oferece-nos uma imagem muito sugestiva sobre a oração:
«Dentro de mim há um poço muito fundo. E lá dentro está Deus.
Às vezes consigo lá chegar. Mas acontece mais frequentemente
haver pedras e cascalho no poço, e aí Deus está soterrado.
Então é preciso desenterrá-lo».
És morada de Deus.
O teu coração é um caminho de encontro com o seu mistério.
Mas é um caminho que pede uma procura,
uma abertura,
um respiro diante de todas as pedras e ruídos.
Hoje, permanece neste paciente caminho de abertura
e começa assim a tua oração. 

 

Escuta esta passagem do Evangelho segundo São Marcos. [Ev Mc 5, 1-4.6-17]

Jesus e os seus discípulos chegaram ao outro lado do mar,
à região dos gerasenos.
Logo que Ele desembarcou,
saiu ao seu encontro, dos túmulos onde morava,
um homem possesso de um espírito impuro.
Já ninguém conseguia prendê-lo, nem sequer com correntes,
pois estivera preso muitas vezes com grilhões e cadeias
e ele despedaçava os grilhões e quebrava as cadeias.
Ao ver Jesus de longe, correu a prostrar-se diante d’Ele
e disse, clamando em alta voz:
«Que tens a ver comigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo?
Conjuro-Te, por Deus, que não me atormentes».
Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito impuro, sai desse homem».
E perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?».
Ele respondeu: «O meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos».
E suplicava instantemente que não os expulsasse daquela região.
Ora, ali junto do monte,
andava a pastar uma grande vara de porcos.
Os espíritos impuros pediram a Jesus:
«Manda-nos para os porcos e entraremos neles».
Jesus consentiu.
Então, os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos.
A vara, que era de cerca de dois mil, lançou-se ao mar,
do precipício abaixo, e os porcos afogaram-se.
Os guardadores fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos;
e, de lá, vieram ver o que tinha acontecido.
Ao chegarem junto de Jesus, viram, sentado e em perfeito juízo,
o possesso que tinha tido a legião; e ficaram cheios de medo.
Os que tinham visto narraram o que havia acontecido ao possesso
e o que se passara com os porcos.
Então pediram a Jesus que Se retirasse do seu território.

 

Pontos de oração

Jesus encontra-Se com um homem doente. Pela descrição, percebemos que predomina neste homem um espírito de morte: odiava a vida dos outros, danificava-se a si próprio, vivia entre os túmulos. Quando a vida perde a capacidade de gerar mais vida, torna-se infecunda e perde o seu sentido. 

O homem doente descreve o seu mal com o nome de “legião”. São muitos os tormentos que o fecham em si próprio. Quando se vive dividido e descentrado de Deus, rapidamente os ruídos do mundo começam a falar alto: desejo de poder, riqueza, aparência. 
Onde sentes que te divides facilmente? 

Jesus comove-se com a miséria daquele homem e cura-o dos seus males. Liberta-o das prisões que o amarram à morte e restitui-lhe a vida plena. 


Enquanto escutas pela segunda vez o Evangelho, repara na força do poder salvador de Jesus. 

 

Colóquio final

A multidão alegra-se e inquieta-se ao mesmo tempo. Tem a intuição de que a mensagem de Jesus liberta, mas incomoda-se com a exigência de alterar as rotinas. A conversão implica um esforço de mudança. 
Termina esta oração pedindo a Deus a graça de te desinstalares para uma vida mais plena e renovada.