Trazer os presentes de Natal à oração

«Estou a fazer algo novo, já está a germinar:

não estão a notar?» (Is 43, 19)

 

Nós, cristãos, não devíamos fazer desta altura um tempo de moralismos, em que se critica o consumismo, que já não se respeita o Natal, etc. Nós, que acreditamos em Deus que se faz Menino, deveríamos contribuir para a alegria e para a esperança que vêm com o nascimento do Salvador. Sabemos que o mundo não é perfeito. Há tanta miséria, tristeza, conflitos, coisas que revoltam as entranhas. Mas também tem muita cor, muito brilho natural. O melhor que podemos fazer é aproveitar a nossa vida, agradecê-la e deixar que haja nascimento no nosso coração.

Eu acredito na simplicidade do Nascimento de Jesus Cristo, que mudou toda a História da Humanidade. Ele cresceu, morreu e ressuscitou... dando-nos a Missão de dar Vida. Começando por cada um de nós. Quem a tem em abundância, decerto que não a guardará para si.

Por isso, pensam-se os presentes, na dádiva, antes de mais de vida. Aliás, pensam-se as pessoas a quem presentear algo como forma de reconhecimento da importância que têm na vida. Não porque fica bem, simpático ou tem de ser no cumprimento da tradição, mas porque trazemos essas pessoas ao coração e oferecemos o carinho num gesto, na dádiva de algo, que pode ser algo material, umas palavras escritas ou ditas ou um abraço dado. Permitir-se a novidade do gesto, dando renascer à relação. Fazer-se presente. Deixo uma sugestão, que pode ser feita em vários momentos:

 

Encontrar o espaço e o tempo para a oração. Acender uma vela. Respirar fundo e, pausadamente, invocar o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

 

Fazer uma lista de nomes a quem se gostaria de presentear algo. Diante de cada nome, deter-se uns breves segundos e agradecer a vida dessa pessoa. Se até se sabe que possa estar a passar uma fase difícil, ficar um pouco mais e pedir ao Senhor que lhe dê as graças que mais precise.

 

Seguidamente, à frente do nome, escrever uma ou mais qualidades dessa pessoa e uma ou mais situações em que possa ter sido marcante positivamente. Se surgir na memória algo menos simpático, pedir a graça do perdão para perdoar ou para pedir perdão. Terminar com um Glória.

 

No final, quando a lista estiver feita, guardá-la e, na noite de Natal, na Missa do Galo, no ofertório, ou num momento de silêncio em casa, voltar aos nomes e presentear cada pessoa ao Menino Jesus.

 

Na Missa do Galo, como tenho feito desde há anos, rezarei o abecedário no momento do ofertório. Também entregarei todos os nomes ao Menino, agradecendo o caminho em conjunto. Que o Senhor da Vida, em Menino de Luz, vos encha de beleza e de bons encontros, permitindo novos germinares na sua fé, na sua esperança e no seu Amor.

Paulo Duarte, sj

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